quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

células dendríticas

Imunoterapia é arma eficaz contra o cancro

A imunoterapia com células dendríticas no combate ao cancro é um tratamento inovador e promissor que se tem revelado bem sucedido nos doentes. Os pacientes procuram esta terapêutica como alternativa à quimioterapia, devido aos efeitos secundários da quimio. No entanto, a imunoterapia ainda está em fase de investigação clínica.
Por:Cristina Serra




A aplicação das vacinas com células dendríticas está a ser feita, por enquanto, em três clínicas na Alemanha e numa em Inglaterra. Os resultados das investigações mereceram o prémio Nobel da Medicina deste ano, atribuído ao investigador Ralph Steinman.
O oncologista Michael Martin, investigador da equipa de Thomas Nesselhut, que desenvolve esta técnica terapêutica no Instituto do Tratamento do Tumor, em Duderstadt, Alemanha, afirma ao CM que "a terapêutica com as células dendríticas funciona com os tumores sólidos": mama, rim, cérebro, pâncreas, útero e cólon. O especialista ressalva que o "sucesso do tratamento depende do estado do cancro". "A maioria dos doentes faz radiação, hemoterapia e quimioterapia e fica com o sistema imunitário em baixo, pois as células sãs do sistema imunitário são destruídas, como as tumorais", afirma. A resistência aos medicamentos após a cirurgia é dos principais problemas clínicos no tratamento dos doentes de cancro. E, por vezes, os tratamentos convencionais não resultam quando há metáteses. Nesses casos, a "imunoterapia é das melhores alternativas terapêuticas e tem menos efeitos secundários", garante Martin.
Grandes quantidades de células dendríticas são obtidas a partir das células do sangue do doente. A vacina é produzida a partir dessas células, que activam o sistema imunitário contra o tumor.
FALTA A SESSÃO DE QUIMIO ORIGINOU DENÚNCIA
O Instituto Português de Oncologia Dr. Francisco Gentil (IPO), em Lisboa, alertou a Comissão de Protecção de Menores quando Safira Íris (ver texto na página ao lado) não compareceu no hospital para continuar as sessões de quimioterapia de tratamento ao tumor no rim. A Comissão de Menores remeteu o processo para o Tribunal de Família e Menores, que retirou a tutela provisória aos pais de Safira, Gabriel Mateus, 34 anos, e Gabriela Freitas, 40 anos, por considerar que não agiam no interesse da criança. Mais tarde, o tribunal acabou por arquivar o processo da tutela da menina ao constatar que, afinal, não existia negligência no tratamento da criança e que esta estava a ser clinicamente tratada, como se provou.
PREMIADOS COM O NOBEL RECORREU À NOVA TERAPÊUTICA
O investigador canadiano Ralph Steinman, 68 anos, foi um dos três laureados com o prémio Nobel da Medicina 2011 pelos trabalhos sobre o sistema imunitário. Steinman foi responsável pela descoberta das células dendríticas do sistema imunitário e a sua capacidade única para activar e regular a imunidade adaptável (fase posterior da resposta imune durante o qual os microorganismos são limpos do corpo). Os premiados com o Nobel da Medicina revolucionaram a forma de compreender o sistema imunitário, detectando os princípios--chave para a sua activação, o que permitiu lutar contra doenças contagiosas e desenvolver vacinas. Ralph Steinman tinha um cancro no pâncreas há quatro anos e estava a tratar-se com células dendríticas. Morreu a 30 de Setembro, três dias antes do anúncio do prémio.
DISCURSO DIRECTO
"É MÉTODO PROMISSOR": Jorge Espírito Santo, Médico oncologista
Correio da Manhã – A imunoterapia é alternativa à quimioterapia?
Jorge Espírito Santo – Não é uma alternativa, porque está em fase de experimentação. Há esperança de poder transformar esse método numa arma eficaz em doenças sem tratamento eficaz.
– Em que casos?
– Melanoma e no pâncreas. Há tumores com bons resultados mas só há alguns anos de pesquisa. Não sei se houve ensaios clínicos.
– Há esperança?
– Sim, o método é inovador e promissor, porque são as células do doente que são o agente de destruição do tumor.
– O Nobel dá impacto?
–O Nobel é o reconhecimento do método, que é promissor.
O MEU CASO: SAFIRA ÍRIS
SAFIRA ESTÁ LIVRE DA DOENÇA COM CÉLULAS DENDRÍTICAS
Safira Íris tinha apenas quatro anos quando, em 2010, lhe foi diagnosticado um tumor raro no rim, designado por Wilms.
Os pais da menina, Gabriel Mateus e Gabriela Freitas, recorreram ao Instituto de Tratamento do Tumor, na Alemanha, para que Safira recebesse a imunoterapia com as células dendríticas, interrompendo as sessões de quimioterapia que já tinha iniciado no Instituto Português de Oncologia Dr. Francisco Gentil, em Lisboa.
A decisão teve em conta os efeitos secundários da quimioterapia e os pais queriam uma cura, não apenas a sobrevivência da filha. Gabriel Mateus afirmou ao CM que a decisão de recorrer a uma terapêutica alternativa à quimioterapia foi "para não comprometer a saúde futura" da filha.
"Ao submeter--se à quimioterapia, a minha filha iria receber três medicamentos, um dos quais muito agressivo, e os efeitos a longo prazo seriam terríveis, porque poderia ter problemas cardíacos, infertilidade, entre outros", justificou.
A doença de Safira levou o casal à procura de um tratamento alternativo com base científica. Acabaram por ser conduzidos às vacinas com células dendríticas. Hoje, Gabriel Mateus afirma que a filha "já não tem a doença" e está a reagir muito bem à terapia. A família é defensora de uma vida sem químicos e, por isso, a menina nunca tinha sido vacinada e segue uma dieta alimentar saudável, vegetariana. Gabriel Mateus defende que os alimentos têm substâncias activas que ajudam a curar as doenças.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/saude/imunoterapia-e-arma-eficaz-contra-o-cancro

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